Delegada reafirma suspeita de que ex-companheiro de radialista do Amazonas seja o principal suspeito do crime
A delegada Fernanda Cavalcante da Costa, responsável pela investigação do assassinato da radialista Lana Micol Cirino Fonseca, de 30 anos, ocorrido no último domingo (26), voltou a dizer que o ex-companheiro da vítima, Edimar Nogueira Ribeiro, de 35 anos, é o principal suspeito de ser o mandante do crime.
Lana era coordenadora da Rádio Nacional do Alto Solimões, em Tabatinga (AM), emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ela estava na casa do namorado, Alan Bonfim Barros, com a filha mais nova, de 7 anos. Os três tomavam banho de piscina na calçada em frente ao portão, quando dois homens se aproximaram em uma moto, atiraram e fugiram. Alan tentou socorrê-la, mas, ao chegar ao hospital da cidade, Lana já estava sem vida. Ela também deixou um filho de 11 anos.
Edimar foi preso ontem (28) de manhã, ao se apresentar na delegacia de Tabatinga acompanhado de uma advogada. O que levou a delegada a seguir essa linha de investigação foi o comportamento do ex-marido de Lana após o assassinato, que, segundo ela, levantou suspeitas. Ainda no domingo, os policiais contataram amigos e parentes de Lana, incluindo Edimar. Por telefone, ele combinou um encontro com os investigadores na casa da mãe, mas não apareceu. Depois disso, não atendeu mais as ligações. A casa dele foi encontrada abandonada e com as portas e as janelas abertas. Além disso, de acordo com a delegada, mesmo após saber da morte da ex-mulher, Edimar não procurou a filha.
O pedido de prisão temporária foi feito quando Edimar se apresentou à delegacia. Assim que recebeu a notícia de que a Justiça concedeu o mandado de prisão, Fernanda Cavalcante o manteve detido na carceragem da delegacia. A prisão temporária é valida por 30 dias, prorrogáveis por mais 30, e deve ser cumprida no presídio da cidade. No entanto, ainda não há data para a transferência. No depoimento, Edimar não negou, nem assumiu ser o mandante do crime. À reportagem da Agência Brasil, ainda na carceragem da delegacia, ele disse que só vai se pronunciar em juízo.
Agora, as investigações se concentram em provar o envolvimento de Edimar e encontrar os dois executores dos disparos. A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito. Dois depoimentos foram colhidos, do namorado de Lana e da irmã dela, Lia Rebeca Cirino Fonseca. A delegada aguarda o retorno dos parentes que foram a Manaus para o sepultamento do corpo da radialista, que ocorreu ontem (28).
A Polícia Civil não acredita que Lana tenha sido morta por causa da profissão. Na sala que ela ocupava, tudo ainda está do jeito que deixou no último dia de trabalho. O técnico de rádio Messias Arévalo da Costa, que conviveu com ela por seis anos, trabalhando na sala ao lado, ainda não acredita no que aconteceu. “Hoje mesmo peguei o telefone, vi o número dela e quase liguei pra resolver uns problemas com ela. Esqueci… a falecida Lana? Não dá pra acreditar, é muito difícil”, disse emocionado.
De acordo com relatos de pessoas da família, Edimar não concordava com o pedido de divórcio feito por Lana à Justiça. Além de inconformado com o fim do relacionamento, ele temeria a divisão do patrimônio construído pelo casal, calculado em R$ 200 mil.
Em agosto do ano passado, quando já estava separada de Edimar, Lana registrou queixa contra o ex-companheiro por ameaças. Na época, um inquérito foi aberto e, com base na Lei Maria da Penha, que prevê medidas de proteção à mulher vítima de agressões, ele ficou proibido de se aproximar da radialista. A denúncia foi recebida pela mesma delegada que agora cuida das investigações do assassinato. Na ocasião, tanto Lana quanto parentes dela disseram à polícia que Edimar chegou a agredi-la enquanto viviam juntos.
Por Pedro Moreira
Enviado Especial da EBC